Os trabalhadores do Cone Sul contra os fundos abutres

CCSCS
2014-07-02 20:00:00

 

Ante a recente resolução da Corte Suprema de Justiça dos EUA de não acolher a reclamação apresentada pelo governo argentino, numa atitude injusta e irresponsável que privilegia e convalida os desmedidos apetites dos “Abutres financeiros” em detrimento dos interesses soberanos da Argentina e castiga a uma nação que há uma década, e com muitíssimo esforço, cumpre fielmente com seus compromissos internacionais, a Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul expressa seu mais profundo repúdio e indignação. Ao mesmo tempo, convoca a uma Campanha internacional que, articulada e solidariamente, ponha limite a esta política que desde os centros de poder internacional pretende pisotear a soberania e dignidade de nossas nações.

 

Cabe recordar que a Argentina suspendeu os pagamentos em 2001, logo após várias décadas de rigorosa aplicação das políticas neoliberais, executando as receitas ditadas pelos organismos financeiros internacionais que deram como resultado o desemprego, a pobreza, o crescimento desmesurado desta dívida e, finalmente, a quebra do país,  submergido na mais profunda crise de sua história.

 

Há uma década neste contexto tão desfavorável, a Argentina, em sintonia com as novas propostas construídas com os países irmãos da região, começa a executar uma política econômica soberana baseada principalmente em um crescimento econômico sustentado, com inclusão social e distribuição de renda, gerando um processo autônomo e racional para saldar suas dívidas externas herdadas dos períodos anteriores. Neste sentido, primeiro se cancela a dívida da Argentina com o FMI (Fundo Monetário Internacional), se assina um acordo com 93% de seus credores, se cumpre estritamente as obrigações acertadas e recentemente se logra um entendimento definitivo para cancelar a dívida que ainda existia com o Clube de Paris. A Argentina sustentou e sustenta sua decisão de seguir negociando, inclusive com a ínfima minoria que vem se negando a reestruturar a dívida em termos lógicos e racionais.

 

A decisão avalizada pela Corte dos EUA é, além disso, irresponsável, porque não leva em conta os enormes riscos colocados pela ordem mundial à crise que afeta muitos dos países centrais. Com as decisões tomadas pela Justiça estadunidense se convalida a ambição dos grupos financeiros acima da Soberania argentina e de qualquer outra nação do planeta.

 

Estamos convencidos que estas decisões da Justiça dos EUA não são somente um injusto castigo às políticas soberanas levadas à frente pela Argentina, como dão um sinal verde para que se inicie uma grande investida global para tentar dobrar e colocar de joelhos os países que buscam impor limites ao capital financeiro internacional. Busca disciplinar e atemorizar a todos os governos da região que têm demonstrado ser capazes de frear o negócio do capital especulativo, priorizando o investimento produtivo e o aumento dos recursos para sustentar políticas sociais e de distribuição de renda, e encontrando na integração regional a forma de por fim à dependência das grandes potências.

 

Hoje temos que levantar nossa voz, temos que articular as ações necessárias para impedir o êxito destes atos extorsivos, que constituem um grande achaque aos nossos países, consolidando uma pesada hipoteca que recairá sobre as costas de várias futuras gerações e condenando novamente à fome e à miséria o conjunto dos nossos povos.  Hoje, com a ação fraternal dos trabalhadores e de todo o povo, devemos exigir de nossos governos uma resposta contundente, que confronte a estas pretensões coloniais de uma minoria especuladora, aprofundando a integração e demonstrando ao mundo a firme decisão de construir um espaço soberano com desenvolvimento, democracia e justiça social.

 

Convocamos os trabalhadores a não cederem ante à chantagem e a defenderem o conquistado desde que conseguimos terminar com os condicionamentos do capital especulativo. Convocamos os trabalhadores a mobilizarem-se em defesa de sua soberania, de seu futuro e pela construção de um mundo mais justo, mais democrático e inclusivo.

 

Argentina:

CTA – Central de Trabajadores de Argentina

CGT – Confederación General del Trabajo

 

Brasil:

CTB -  Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

CGTB - Central Geral dos Trabalhadores do Brasil

UGT - União Geral dos Trabalhadores

FS - Forca Sindical

CUT – Central Unica dos Trabalhadores

 

Chile:

CUT - Central Unitaria de Trabajadores

CAT - Central Autonoma de Trabajadores

 

Paraguai:

CUT – Central Unitaria de Trabajadores

CUT-A – Central Unitaria de Trabajadores Auténtica

 

 Uruguai:

PIT-CNT - Plenario Intersindical de Trabajadores - Convención Nacional de Trabajadores

 

Venezuela:

UNT - UNETE

CTV - Central Venezolana de Trabajadores

CBST – Central Bolivariana Socialista de  Trabajadores

 

01/07/2014

http://www.cut.org.br/acontece/24483/os-trabalhadores-do-mercosul-contra-os-fundos-abutres