Os atingidos pela barragem de Tucuruí/PA, acampados próximos às obras da eclusa da barragem há 25 dias, intensificaram suas ações na manhã de hoje (10). A morosidade da Eletronorte fez com que um caminhão caçamba da empresa Camargo Corrêa, responsável pela construção da eclusa, fosse incendiado pelos manifestantes, que exigem avanços nas negociações da pauta de reivindicação dos atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB.

Uma audiência pública com todos os envolvidos nas negociações, que estava prevista para esta manhã, foi adiada ainda ontem pela estatal e isso forçou a ação do MAB. Mais uma vez, os representantes da Eletronorte querem que o Movimento se desmobilize para que as negociações avancem, no entanto, os atingidos dizem que isso já aconteceu em março deste ano, quando recuaram para as negociações iniciarem e até agora nada foi feito. "Estão nos enganando há 20 anos, não voltaremos para casa até não apontarem algumas soluções para os inúmeros problemas que esta barragem trouxe para este povo", dizem as lideranças.

As lideranças do MAB denunciam que a Camargo Corrêa está jogando a opinião pública contra o MAB dizendo que o Movimento é o responsável pelas demissões de funcionários da empresa que trabalham na construção da eclusa. "A Camargo Corrêa está colocando trabalhador contra trabalhador, e atua da mesma forma como atuou quando construiu Tucuruí. Até hoje não foram resolvidos os problemas de todas aquelas famílias que foram impactadas pela barragem. Se a gente não se mobilizar neste momento, depois de concluída a eclusa, outra vez a Eletronorte e a Camargo Corrêa negarão todas as suas responsabilidades com o povo", diz Rogério Hohn, liderança do MAB na região.

Está montado um grande aparato de segurança para as estruturas das empresas, mas a presença do exército, da polícia militar e de seguranças da Eletronorte não intimida os manifestantes que ameaçam queimar outros veículos se não forem tomadas atitudes imediatas em favor dos atingidos.