Comissão leva solidariedade aos atingidos pelas chuvas na Guatemala

2005-10-11 00:00:00

Nesta segunda feira, dia 10 de outubro, uma comisssão internacional de solidariedade,
formada por integrantes das organizações que participam do IV Congresso da CLOC,
percorreu uma das regiões vitimadas pelas chuvas e desabamentos de terra que
aconteceram na Guatemala nos últimos dias.

Além de levar solidariedade às comunidades camponesas e indígenas afetadas pela
catástrofe, a comissão teve também como objetivo conhecer as razões pelas quais o
governo nao está atendendo sistematicamente às vítimas.

A área visitada, a do departamento de Sololá, que compreende os municípios
localizados ao redor do lago Atitlán, como San Jorge e Santiado Atitlán, é uma das
regiões mais atingidas pelos efeitos da chuva. Dados oficiais falam em 500 mortos em
todo o país. Entretanto, de acordo com as organizações locais, esta quantidade é ainda
maior. Somente em Santiado Atitlán, 160 corpos foram encontrados e mais de mil
pessoas desaparecidas estão soterradas. O próprio governo afirmou que será impossível
resgatar todos os corpos e saber, com exatidão, o número de mortos.

Diante desta situação as famílias sobreviventes, sem comida e tendo que tomar água
contaminada do rio, já começam a manifestar as doenças provocadas por esta situação.
Com a perda de suas famílias e sem a possibilidade de trabalho, é nítida a forte tensão
psicológica que afeta esta população, que segue esperando a ajuda do governo.

O governador de Sololá, Júlio Ruez, afirmou que o estado está fazendo o possível para
atender às comunidades camponesas. Entretanto, isso não está sendo o suficiente. A
comissão constatou que em San Jorge e Jaival (esta última, à beira do lago, onde saem
os alimentos para Santiago Atitlán) é a sociedade civil organizada que está prestando a
ajuda emergencial às famílias. Igrejas, ONGs e as próprias comunidades articuladas é
que estão fazendo a distribuição de alimentos, água e remédios. Para isso, estão
utilizando meios de transportes privados, como carros e lanchas. O apoio governamental
em Jaival se resumia à sacas de milho, feijão e soja, vindas dos Estados Unidos.
Sementes que são, provavelmente, transgênicas.

Um dos problemas constatados também é a situação das estradas. O mal tempo persistia
até ontem, 10 de outubro. Além disso, o número de veículos usados (de forma
voluntária) para o transporte dos alimentos, caminhonetes e lanchas para atravessar o
lago, sao pequenas. Há também a falta de combustível. Médicos cubanos e bombeiros
espanhóis estão prestando ajuda às vítimas. A limpeza das estradas também está sendo
feita pela população local que reivindica que o governo envie, ao menos, comida.

Diante deste cenário, a povo guatelmateco pede socorro. “Nao recebemos ajuda do
governo. O auxílio está vindo da igreja e outras entidades, sem que haja o apoio
instutucional. Estamos como fome e não temos nem combustível para que as lanchas
cheguem ao outro lado do lago”, afirmou Maria Mendonza da comunidade de Santiago
Atitlán.

Júlio Ruez, governador de Sololá, reconheceu que os efeitos devastadores das chuvas
têm como causa, a destruição do meio ambiente feita pelas grandes empresas
transnacionais instaladas no país. “Os camponeses e índigenas sao os únicos
responsáveis pela preservação da natureza. Por isso, é necessário a participação de suas
organizações sociais para formular projetos e planos de reconstrução destas
comunidades”.

Para ter a certeza de que a chegada da ajuda internacional será distribuída de maneira
efetiva, chegando a quem realmente precisa, o governo de Sololá pede que as entidades
sociais guatelmatecas e da América Latina, pressionem o poder federal na instalação de
uma auditoria social dos donativos materiais e financeiros.