Movimentos sociais refletem sobre Reforma Agrária, Soberania Alimentar e Território no IV FSA

2010-08-13 00:00:00

Um novo espaço de diálogo, discussão e análise se iniciou no último dia 11 de agosto quando se inaugurou o IV Fórum Social Américas em Assunção, Paraguai. Espaço no qual se convocaram diversos movimentos e organizações sociais do continente para abordar temas como a Soberania Alimentar, Reforma Agrária e Território.
 
“Achamos que é um espaço para construir um debate ideológico e político em torno dos temas que afetam os camponeses e camponesas em nível continental, é urgente e necessário que todas/os tomem consciência dos problemas que nos estão afetando, é indispensável somar cada vez mais pessoas a esta luta”, disse Luis Andrango, delegado da Coordenadora Latinoamericana de Organizações do Campo e da Via Campesina.

Luis Andrango, um jovem líder indígena, e atual presidente da Confederação Nacional de Organizações Camponesas, Indígenas e Negras do Equador, FENOCIN participou de um dos painéis mais importantes sobre reforma agrária, soberania alimentícia e território onde destacou como principal mensagem política dois modelos agrários em disputa: por um lado, o modelo agro exportador, que procura deixar a agricultura mas mãos do capital, das transnacionais e do mercado, é uma ofensiva do capitalismo no campo, onde as empresas transnacionais buscam apropriar-se da terra, de nossa biodiversidade, de nossas sementes, da água, por outro lado, o modelo camponês procura alternativas de manter a agricultura nas mãos dos trabalhadores/as do campo, com a produção de alimentos em harmonia com a Pachamama. “Para nós a opção é o modelo camponês da agroecologia que prioriza a vida, a alimentação, a saúde e sobretudo melhores condições de vida para o campesinato, não podemos seguir envenenando os povos com todos esses produtos químicos, não podemos seguir matando à mãe terra”, disse.
 
Destacou também que não basta elaborar políticas públicas, nem elaborar leis de soberania alimentar, como no caso de Equador, è preciso organizar-se, fomentar o diálogo entre o campo e cidade, ter consciência sobre como nos ataca a indústria dos alimentos, enfaticamente afirmou que é problema estrutural e que o atual modelo capitalista é perverso. Não será possível uma soberania alimentar nem reforma agrária sem a deocratização dos meios de produção como a terra, a água, os créditos e a formação. Quanto à reforma agrária indicou que é necessário incorporar elementos como as sementes, a agroecología camponesa, a água, a defesa do território, para se possa melhorar o enfoque de desenvolvimento rural utilizado até agora. Além disso, mencionou que o território não se circunscreve à terra, inclui elementos fundamentais para a vida como a água, a floresta a biodiversidade, os bens naturais, ou seja, os meios vivos e espirituais, a gente e sobre todo o saber coletivo acumulado que relaciona tudo o que existe .

Neste contexto, o dirigente equatoriano afirmou que falta maior mobilização popular para exercer pressão sobre os governos que omam as decisões no mundo, além disso, ressaltou que outro ponto importante é o relacionamiento de movimentos entre si. Neste contexto, aplaudiu as iniciativas das organizações como a CLOC e Via Campesina que desenvolveram propostas alternativas de mudança.

Andrango acrescentou que espaços como este IV Fórum Social Américas dará insumos para enriquecer e aprofundar o dialogo e o debate no V Congresso da Coordenadora Latinoamericana de Organizações do Campo, CLOC e Via Campesina que se realizará de 8 a 16 de Outubro em Quito, Equador.