Sem Terra é assassinado dentro de casa, em Ortigueira
Trabalhador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Eli Dallemole, 42 anos, é assassinado dentro da sua casa, no assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira (região Norte-Sul), onde morava com a mulher e três filhos.
Por volta das 19h30 deste domingo (30/03), dois homens encapuzados invadiram a casa de Eli e executaram o trabalhador, na frente da família.
O trabalhador vinha sendo ameaçado de morte há mais de dois anos, mas as ameaças aumentaram após o ataque de um grupo de milícias armadas ao acampamento Terra Livre, na fazenda Copramil, em Ortigueira (proximo ao pedágio da BR 376), no último dia 08 de março.
As famílias Sem Terra já vinham denunciando a atuação dessa milícia armada na região há algum tempo. Segundo, os trabalhadores esse grupo de pistoleiros é comandado por um homem conhecido como “Zézinho”, financiado por fazendeiros da região. Suspeita-se que o assassinato tenha sido praticado ou mesmo comandado por este “Zézinho”. Segundo o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), o pistoleiro está com prisão preventiva decretada.
Essas denúncias também haviam sido encaminhadas para a Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal e para Polícia.
O MST cobra da justiça a punição dos responsáveis por mais um assassinato de trabalhador Sem Terra, no Estado e a extinção imediata dessas milícias armadas, que já estão se tornando corriqueiras no Paraná.
Contexto
No ataque dessa mesma milícia ao acampamento Terra Livre, aproximadamente 15 pistoleros aterrorrizaram as 35 famílias do MST acampadas na área e queimaram todos os pertences dos trabalhadores. Crianças foram ameaçadas e arrastadas e mulheres e homens espancados, ficando apenas com a roupa do corpo. Muitos não conseguiram salvar nem seus próprios documentos.
Após o ataque sete pistoleiros foram presos em flagrante pela polícia e levados á delegacia de Ortigueira. Foi instaurado um inquérito policial para investigação de formação de milícia armada pelo Cope, em Curitiba. Mas, haviam denúncias de que 10 pistoleiros continuavam na área.
A área é de origem duvidosa, tendo a posse questionada por dois proprietários. As famílias estavam acampadas no local, desde de 2003.