ALCA: Mais uma vez, o impasse
A Aliança Social Continental e a Campanha Brasileira contra a
ALCA apontam em nota à imprensa que a persistência do impasse nas
negociações da Área de Livre Comércio das Américas é
perfeitamente compreensível diante da conjuntura política dos
países, envolvidos em disputas eleitorais, e da pressão que vem
sofrendo os governos para que não aceitem acordos temerários ao
conjunto da sociedade. Leia a íntegra da nota:
O adiamento hoje, em Buenos Aires, da conclusão da XVII Reunião
do Comitê de Negociações Comerciais da Área de Livre Comércio das
Américas (ALCA), marcada para a próxima semana depois de ter sido
iniciada e suspensa na primeira semana de fevereiro deste ano,
mostra que permanece o quadro de impasse entre as principais
posições postas sobre a mesa de negociação até agora, e que é
cada vez mais difícil contorná-lo na atual conjuntura política.
A raiz do impasse segue sendo a pressão do grupo de países
capitaneados pelos Estados Unidos para que o Mercosul aceite
fazer concessões reais em temas como serviços, investimentos,
propriedade intelectual e compras governamentais, em troca de
concessões virtuais nos temas de acesso a mercados, e
particularmente agricultura. Virtuais porque, na prática, e até
em função do calendário eleitoral norte-americano, os EUA não
estão dispostos a fazer concessões reais neste momento.
O impasse por si só não pode ser considerado uma vitória, uma vez
que ele não significa o fim das negociações. Mas o novo adiamento
da conclusão deste CNC de Puebla prova que não apenas os
movimentos sociais têm feito avaliações corretas a respeito dos
riscos de um acordo como a ALCA, como também a pressão exercida
por eles tem resultado em uma desconstrução do plano norte-
americano de liberalização econômica.
Entretanto, a sociedade civil em todo o continente deve seguir
pressionando os governos, que deveriam representar o interesse do
conjunto da população e não fazer concessões que beneficiem os
negócios das grandes corporações. Mais uma vez, é preciso estar
atento às pressões para fazer as negociações andarem no sentido e
ritmo proposto pelo bloco encabeçado pelos EUA, pois isto
significa abdicar da possibilidade de um desenvolvimento
sustentado e soberano, do crescimento em longo prazo, dos
empregos e da distribuição de renda, em troca do atendimento aos
desejos (e a garantia de ganhos) de uns poucos setores da
sociedade.
Convocamos todas as organizações da sociedade civil no continente
a continuar exercendo a pressão que até agora tem se mostrado
eficiente, denunciando os termos da negociação em curso e
impedindo a conclusão da ALCA.
ALIANÇA SOCIAL CONTINENTAL E CAMPANHA BRASILEIRA CONTRA A ALCA