O objetivo da CLOC: Definir estratégias concretas frente ao saque imperialista

2005-10-11 00:00:00

O grande objetivo do IV Congresso Continental da Coordenadora Latinoamericana de Organizações do Campo, CLOC, é definir com clareza as novas estratégias frente ao imperialismo e suas políticas de saque que estão destruindo os recursos naturais dos povos. Assim o propôs Juan Tiney, Secretário Operativo desta organização camponesa, na inauguração do evento que se iniciou este domingo 9 de outubro, na cidade de Guatemala.

"É hora de passar dos discursos à ação, à lutas, e este congresso deve orientar-nos nesse sentido. Não devemos distrair-nos em contradições pequenas, pois a grande luta é contra o imperialismo; e por isso temos que seguir lutando pela reforma agrária, a soberania alimentar e os direitos dos camponeses", remarcou Juan Tiney. Outros aspectos sobre o que o congresso da CLOC é que deverá definir claramente suas estratégias que são a questão de gênero, o livre comércio e a militarização "que devemos repudiar e que destruiu povos, famílias e culturas".

Com relação às políticas de livre comércio, que se vêm impondo na América Latina, Tiney destacou que houve avanços, mas ainda tem muito por fazer. "Apesar dos golpes que lhes demos às tentativas de aplicar o ALCA e os tratados de livre comércio, ainda temos que seguir lutando frente a esses e outros instrumentos do imperialismo, como são os planos Colômbia, Puebla-Panamá, e as políticas da Organização Mundial do Comércio, OMC".

"Os povos sao também uma grande potência e por isso, na CLOC devemos procurar as novas estratégias que nos permitam assumir esses objetivos e construir nossos sonhos", disse o dirigente da CLOC. Também disse que estas estratégias devem contemplar outros aspectos como a comunicação e a formação política, ideológica e técnica dos dirigentes.

Em outra parte de sua intervenção, se referiu à atual situação de desastre que sofre Guatemala pelas chuvas e inundações e que causaram centenas de vítimas e danos econômicos, sobretudo às populações camponesas e indígenas mais pobres. Juan Tiney disse que estas calamidades que sofre o país são conseqüências das políticas irresponsáveis de saque que aplicam as empresas multinacionais, que desrespeitam e destroem o médio ambiente e os recursos naturais.

No ato inaugural também participou a dirigente da Coordenadora Nacional de Viúvas de Guatemala, CONAVIGUA, Rosalina Tuyuc, que fez um chamado à unidade e ao respeito mútuo das organizações camponesas e indígenas. Falou que "os povos sobreviveram a tragédias e holocaustos muito grandes, e agora também sairao adiante ”, disse referindo-se ao desastre que sofreu os camponeses e indígenas da Guatemala.

O reitor da Universidade de San Carlos de Guatemala, Luis Leal, foi um dos convidados para ato inaugural, e em sua intervenção destacou o papel da mulher camponesa e o direito a organizar-se social e politicamente. "As mulheres são capazes de arrumar em segundos o que os homens fizemos mal em anos", disse o reitor, ao mesmo tempo em que destacou a importância da formação política e ideológica dos jovens dirigentes camponeses.

E assim, no meio do soar de machetes, enxadas, e outros instrumentos agrícolas, que foi o fundo sonoro da simbolização da criação do cosmos, da terra, do água, da chuva, que hoje parecem protestar ante tanto maltrato; e aos conformes da Internacional e outros cantos que evocavam a luta, a esperança e a solidariedade; de lemas pela unidade do movimento camponês e indígena; de condenação ao neoliberalismo e ao imperialismo, e de mostrar o renovado espírito combativo, estas centenas de homens, mulheres e jovens camponeses e indígenas, deixaram inaugurado este IV Congresso da CLOC.

Tradução: Suzane Duraes/MPA