Declaração do Fórum de Comunicação para a Integração de NuestrAmérica

Frente aos golpes midiáticos, resposta popular

FCINA
2016-07-12 16:00:00

Os meios de difusão do poder econômico se converteram no eixo arcular da ofensiva contra os governos progressistas da região. Esses meios são, em forma crescente e orgânica, protagonistas dos planos de desestabilização promovidos pelo poder econômico, impulsionados por e desde os Estados Unidos e Europa.

 

Há quarenta anos, utilizava-se as forças armadas para impor um projeto de dominação político, econômico e social. Hoje, o cenário da confrontação é primariamente simbólico e são os meios hegemônicos que atuam para impor um controle absoluto, a fim de restabelecer os modelos neoliberais. A frente de batalha, agora, está no espaço simbólico, na confrontação ideológica e cultural, no intento de asfixiar toda subjetividade crítica.

 

Neste novo cenário, microfones, computadores, telefones e câmeras de vídeo são usados como armas de rendição pessoal e social.

 

A guerra por impor imaginários coletivos se dá através de meios cibernéticos, audiovisuais e gráficos, que se converteram na ponta de lança das corporações econômicas e dos poderes de facto de nossos países, em muitos casos ligados a poderes judiciais, policiais e parlamentares corruptos e antinacionais.

 

A chamada guerra de quarta geração não se trava contra o raciocínio de nossos povos, mas contra os sentimentos, em golpes baixos de manipulação, meias verdades e mentiras, que impõem, por repetição permanente, imaginários coletivos indutores da desestabilização de nossos países.

 

A América Latina tem sido campo de prova desse tipo de guerra. O golpe midiático na Venezuela em 2002 e a desestabilização do país desde então, com campanhas às quais se somam meios comerciais locais, dirigidos geralmente por meios e agências noticiosas, TVs e rádios de outros países.

 

A esse “globo de ensaio” soma-se intentos no Equador e na Bolívia, os ‘golpes suaves’ no Paraguai e em Honduras, a manipulação midiática como fator decisivo nas campanhas eleitorais no México e na Argentina e, finalmente, o golpe judicial-parlamentar-midiático que hoje sofre o Brasil.

 

Também neste novo tipo de guerra a verdade é a primeira vítima. O 1% que controla o mundo tenta aniquilar toda voz, toda imagem, que não sejam a ‘verdade única’ transmitida pelos meios hegemônicos.

 

Alvos principais da guerra midiática são os meios públicos e populares de nossos países, além das legislações que, promovidas por movimentos populares, impulsionaram a democratização da comunicação. São golpes diretos ao pluralismo, ao direito humano à informação e à comunicação, à diversidade de nossos povos, retornando violências que acreditávamos estarem superadas, como o machismo, a xenofonia, o racismo e a inclusão.

 

A integração soberana de nossos povos também é alvo desta guerra, para aniquilar o que se construiu no último período e para restabelecer uma integração subordinada aos poderes econômicos, financeiros e bélicos do mundo.

 

O Fórum de Comunicação para a Integração de NuestrAmérica manifesta sua profunda preocupação por esse evidente retrocesso democrático em vários de nossos país, além de condenar a repressão e os assassinatos sistemáticos de comunicadores populares em algumas dessas nações.

 

O Fórum de Comunicação para a Integração de NuestrAmérica insta as organizações de integração regional a condenarem essas práticas e chama os movimentos sociais e populares, além dos meios populares (livres, comunitários, independentes e alternativos) de Nossa América para trabalharmos em comum, em defesa do direito humano à informação e à comunicação e para dar fim, de uma vez por todas, a estas práticas retrógradas e antidemocráticas.

 

 

* Declaração apresentado no âmbito do Fórum Latino-americano e do Caribe de Comunicação Popular e Comunitária (Quito, Equador, 28-30 junho 2016).