Mulheres da Via Campesina ocupam área da Stora Enso no RS

2008-03-04 00:00:00

Nesta terça-feira, dia 04/03, cerca de 900 mulheres da Via Campesina ocuparam a fazenda Tarumã, de 2.100 hectares, no município de Rosário do Sul, a aproximadamente 400 km de Porto Alegre. Elas chegaram na área por volta das 6 da manhã imediatamente iniciaram o corte de eucaliptos e o plantio de árvores nativas. Em nota distribuída à imprensa as mulheres declaram.

“Nossa ação é legítima. A Stora Enso é que é ilegal. Plantar esse deserto verde na faixa de fronteira é um crime contra a lei de nosso país, contra o bioma pampa e contra a soberania alimentar de nosso estado que está cada vez mais sem terra para produzir alimentos. Estamos arrancando o que ruim e plantando o que é bom para o meio ambiente e para o povo gaúcho”.
Multinacional está agindo ilegalmente no Brasil
A empresa Stora Enso é sueco finlandesa e pela legislação brasileira (lei nº 6.634  de 1979; e o artigo 20, parágrafo 2 da Constituição Federal) estrangeiros não pode adquirir terras em uma faixa de 150 km da fronteira do Brasil com outros países. Mas essa multinacional vem comprando dezenas de áreas no Rio Grande do Sul próximo da fronteira com Uruguai onde a empresa também tem plantios. A meta é formar uma base florestal de mais de 100 mil hectares e implantar fábricas na região.

Inicialmente a Stora Enso adquiriu as terras em nome da empresa Derflin, que é o braço da multinacional para produzir materias-primas. Como a Derflin também é estrangeira não conseguiu legalizar as áreas. Por isso a Stora Enso criou uma empresa laranja: a agropecuária Azenglever, de propriedade de dois brasileiros: João Fernando Borges e Otávio Pontes (diretor florestal e vice-presidente da Stora Enso para a América Latina, respectivamente). Eles são atualmente os maiores latifundiários do RS.

Cerca de 50 fazendas, totalizando mais de 45 mil hectares já estão registradas em nome da Agropecuária Azenglever. Entre essas áreas está a Tarumã, ocupada pelas mulheres. Há um inquérito na Polícia Federal responsável para investigar o crime, mas a empresa continua agindo livremente.
Pauta de Reivindicações

- Anulação das compras de terra feitas ilegalmente pela Stora Enso na faixa de fronteira e expropriação dessas áreas para a reforma agrária. Somente nos 45 mil hectares que estão em nome da Azenglever daria para assentar 2.250 famílias, gerando 6.750 empregos diretos. Atualmente 2.500 famílias estão acampadas no Rio Grande do Sul e o Incra alega não ter terras para fazer assentamento.
- Retirada dos projetos no Senado e na Câmara federal que propõem a redução da faixa de fronteira. Na avaliação das mulheres essa medida só beneficia empresas estrangeiras como a Stora Enso.

Esta ação marca o início da Jornada Nacional de Luta das Mulheres da Via Campesina Contra o Agronegócio e Por Soberania Alimentar no estado. A Via Campesina é uma articulação internacional de organizações do campo. No Brasil os integrantes da Via Campesina são os movimentos sociais do campo. A maioria das mulheres que participam dessa ação na área da Stora Enso é de acampamentos e assentamentos do Movimento Sem Terra – MST no Rio Grande do Sul

Assessoria de Comunicação da Via Campesina