MST cobra Reforma Agrária em Goiás e Pernambuco

2009-03-11 00:00:00

Mais de 400 agricultores do MST ocuparam o prédio da superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Goiânia, para cobrar o assentamento das 2.500 famílias acampadas no estado, na manhã desta quarta-feira. "O ponto número um da pauta é o assentamento das famílias", afirmou a integrante da coordenação nacional do movimento, Rosana Fernandes.

O Incra tinha a meta de assentar 1.400 famílias em 2008. No entanto, foram indicadas áreas para o assentamento de apenas 96 famílias, que ainda continuam acampadas. "É uma vergonha", avaliou Rosana. A manifestação cobra também crédito agrícola, obras de infra-estrutura e escolas em assentamentos.

"A situação dos assentados é difícil, porque não têm recebido o crédito de fomento", disse a dirigente do MST. Há famílias que estão há cinco anos sem receber o primeiro crédito depois da criação do assentamento.

O superintendente do Incra em Goiás, Rogério Arantes, recebe nesta tarde uma comissão para fazer a negociação da pauta dos manifestantes. O MST ocupou a superintendência do Incra em outubro do ano passado, mas não foram cumpridas as demandas dos trabalhadores acampados e dos assentados.

Em Pernambuco, na manhã de hoje, cerca de 100 famílias Sem Terra, lideradas pelas mulheres, reocuparam o Engenho Manguinhos, em São José da Coroa Grande, litoral sul de Pernambuco, onde, em 2004, o Sem Terra Josuel Fernandes da Silva foi assassinado por seguranças do Engenho.

As mulheres Sem Terra, junto com suas famílias, protestam contra a morosidade do Incra, que ainda não vistoriou a área visando sua desapropriação, e a impunidade da morte de Josuel. No dia 16 de dezembro de 2004, Josuel foi arrastado de sua casa no acampamento do MST por dois homens encapuzados, torturado e morto a tiros. Josuel foi levado ao hospital ainda com vida, mas não resistiu.

Apesar de ter reconhecido um dos assassinos antes de morrer, ninguém está preso e o suposto mandante do crime, Roberto Bezerra de Melo Neto, o Beto de Manguinhos, sequer foi citado no inquérito policial.

Depois do assassinato de Josuel o Incra prometeu fazer a vistoria da área, mas até hoje não há nenhum resultado concreto. Em dezembro de 2005 a área foi ocupada novamente e dias depois o acampamento do MST foi incendiado no meio da madrugada, por ordem de Beto de Manguinhos. O ano passado os trabalhadores mais uma vez reocuparam a área e foram despejados em seguida.

O engenho Manguinhos fazia parte da Usina Central de Barreiros, que faliu em 1988, deixando centenas de camponeses e camponesas sem receber direitos trabalhistas. O engenho tem cerca de 1.800 hectares. O MST reivindica a área desde 1998, junto com moradores não indenizados com a falência da usina.

Imprensa MST